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Falta de verbas ameaça Santa Casa da Misericórdia de Paris
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A Santa Casa da Misericórdia de Paris lançou no início do mês de Dezembro uma campanha de Natal para angariar produtos alimentícios para as famílias portuguesas mais necessitadas em França. Ilda Nunes, presidente da instituição, faz um balanço positivo da iniciativa, sublinhando que em 2024 ajudaram mais de 4500 pessoas, contudo alerta para a situação financeira da Santa Casa da Misericórdia que corre o risco de fechar as portas se as pessoas deixarem de ajudar a instituição.
Qual é o objectivo desta campanha de Natal realizada pela Santa Casa da Misericórdia de Paris?
O objectivo da Santa Casa da Misericórdia de Paris é ajudar as pessoas que têm dificuldades, ou seja, dar de comer a quem tem fome.
Quem são os parceiros desta campanha de Natal?
São as grandes superfícies comerciais que permitem aos voluntários - da Santa Casa da Misericórdia - estarem presentes durante o fins-de- semana para recolherem os produtos [doados]. Contudo, a instituição espera, no próximo ano, conseguir mais voluntários de forma a poder angariar mais produtos em alguns dias da semana, alargando assim o período de recolha.
É difícil encontrar voluntários para este tipo de campanhas?
É difícil encontrar voluntários para qualquer tipo de acções. Eu compreendo que estejamos todos muito ocupados com o trabalho, com a família, mas se dedicarmos duas ou três horas às actividades da Santa Casa, já seria muito bom para ajudar as pessoas que mais precisam.
Esta campanha de Natal é feita em todo o território francês?
Por enquanto, a campanha é feita apenas na região parisiense. Porém, o trabalho da Santa Casa da Misericórdia abrange qualquer pessoa que esteja em dificuldade no território francês. A nossa ideia é tentar criar delegações em vários pontos da França. Por exemplo, já estamos a fazer progressos em Bordéus, Lyon e também nas diversas zonas ou regiões onde existam consulados de Portugal em França.
Quem são as pessoas que precisam de ajuda?
São as famílias numerosas, mães solteiras, pessoas idosas -que não descontaram o suficiente para a reforma e que se encontram em com dificuldades - casais recém - chegados à França e que têm crianças pequenas. Em 2024, a Santa Casa da Misericórdia ajudou, no mínimo, 4500 pessoas e temos consciência de um aumento consequente dos pedidos de ajuda.
Nestes pedidos não estamos só a falar de bens alimentares. Há pessoas que nos pedem apoio psicológico e nós temos uma equipa de psicólogos que os podem receber sem pagarem, como é óbvio. Também ajudamos as pessoas a constituir dossiês, processos de pedidos de reforma, e acompanhamos aqueles que se sentem mais sozinhos. Estamos a falar de todo o tipo de apoio.
Nesta altura do Natal, quais são as principais necessidades?
Nesta altura do ano, todos gostariam de ter uma refeição idêntica à que tinham em Portugal. Uma ceia de Natal com os produtos portugueses.
O bacalhau, o azeite, a batata e o bolo rei…
Sim. Mas depois, durante o ano, as necessidades vão desde o arroz até às conservas.
Há também pedidos para os produtos de higiene…
Exactamente. Muitas vezes nós temos de os comprar, porque as pessoas não pensam em doar os produtos de higiene. Depois, há pedidos para o leite e fraldas para as crianças.
O nosso grande problema é que dentro de dois meses, três meses no máximo, vamos ter de comprar mais produtos e para o fazer necessitamos de mais verbas.
Como é feita esta redistribuição destes bens?
Temos listas das pessoas que ajudamos durante todo o ano e que já estão habituadas a receber um cabaz de Natal. Todavia, as pessoas que precisam de ajuda podem-nos contactar através da nossa linha telefónica que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana.
Considera que as pessoas são mais solidárias nesta altura do ano? Ou a crise que se vive actualmente, também aqui em França, está a ter um impacto neste tipo de acções?
É evidente que tem impacto para qualquer um de nós. Sinceramente, este ano, tendo em conta a situação económica do país, pensei que íamos recolher menos bens, porém os retornos que tive é que - em vários sítios - as pessoas doaram ainda mais. Estou felicíssima porque isto quer dizer que nós continuamos a preocupar-nos com o próximo.
Quem quiser contribuir, onde é que se pode dirigir?
Pode ligar para o número de telefone da Santa Casa da Misericórdia de Paris e perguntar qual é o sítio mais próximo para fazer as doações. Também temos um local, 7 Av. de la Porte de Vanves, no 14º bairro de Paris, onde as pessoas se podem dirigir e deixar os produtos.
Quais são as dificuldades com as quais se depara a Santa Casa da Misericórdia, uma estrutura que depende muito da solidariedade?
É complicado e difícil ao mesmo tempo. Mas quem se lança nesta aventura não teme as complicações, nem as dificuldades. Tem que estar sempre em alerta, pronta para melhorar a situação.
A falta de financiamento poderá, de certa forma, penalizar alguma actividade?
A falta de verbas pode levar mesmo a que a Santa Casa da Misericórdia de Paris encerre as portas.
E há esse risco?
Há pouco falei-lhe do local que nós sub-alugamos no 14º bairro de Paris, em 7 Av. de la Prte de Vanves, um contrato que chega ao fim a 31 de Março de 2025. Neste momento, temos duas opções: ou encontramos outro local ou arranjamos uma solução. A nossa grande dificuldade é sempre a falta de verbas, mas estamos a tentar resolver esse problema. Seria dramático se a Santa Casa da Misericórdia de Paris, a única em França, fechasse portas por falta de verbas.
Quer deixar aqui um apelo?
Deixo um apelo para que as pessoas [nos continuem a apoiar]. Sinceramente, espero que possamos encontrar uma solução para que a Santa Casa da Misericórdia de Paris possa continuar a desenvolver o trabalho - que faz há 30 anos - e que tem sido positivo. Claro que é muitas vezes insuficiente por falta de meios, mas acredito que vamos encontrar uma solução, antes de 31 de Março.
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A Santa Casa da Misericórdia de Paris lançou no início do mês de Dezembro uma campanha de Natal para angariar produtos alimentícios para as famílias portuguesas mais necessitadas em França. Ilda Nunes, presidente da instituição, faz um balanço positivo da iniciativa, sublinhando que em 2024 ajudaram mais de 4500 pessoas, contudo alerta para a situação financeira da Santa Casa da Misericórdia que corre o risco de fechar as portas se as pessoas deixarem de ajudar a instituição.
Qual é o objectivo desta campanha de Natal realizada pela Santa Casa da Misericórdia de Paris?
O objectivo da Santa Casa da Misericórdia de Paris é ajudar as pessoas que têm dificuldades, ou seja, dar de comer a quem tem fome.
Quem são os parceiros desta campanha de Natal?
São as grandes superfícies comerciais que permitem aos voluntários - da Santa Casa da Misericórdia - estarem presentes durante o fins-de- semana para recolherem os produtos [doados]. Contudo, a instituição espera, no próximo ano, conseguir mais voluntários de forma a poder angariar mais produtos em alguns dias da semana, alargando assim o período de recolha.
É difícil encontrar voluntários para este tipo de campanhas?
É difícil encontrar voluntários para qualquer tipo de acções. Eu compreendo que estejamos todos muito ocupados com o trabalho, com a família, mas se dedicarmos duas ou três horas às actividades da Santa Casa, já seria muito bom para ajudar as pessoas que mais precisam.
Esta campanha de Natal é feita em todo o território francês?
Por enquanto, a campanha é feita apenas na região parisiense. Porém, o trabalho da Santa Casa da Misericórdia abrange qualquer pessoa que esteja em dificuldade no território francês. A nossa ideia é tentar criar delegações em vários pontos da França. Por exemplo, já estamos a fazer progressos em Bordéus, Lyon e também nas diversas zonas ou regiões onde existam consulados de Portugal em França.
Quem são as pessoas que precisam de ajuda?
São as famílias numerosas, mães solteiras, pessoas idosas -que não descontaram o suficiente para a reforma e que se encontram em com dificuldades - casais recém - chegados à França e que têm crianças pequenas. Em 2024, a Santa Casa da Misericórdia ajudou, no mínimo, 4500 pessoas e temos consciência de um aumento consequente dos pedidos de ajuda.
Nestes pedidos não estamos só a falar de bens alimentares. Há pessoas que nos pedem apoio psicológico e nós temos uma equipa de psicólogos que os podem receber sem pagarem, como é óbvio. Também ajudamos as pessoas a constituir dossiês, processos de pedidos de reforma, e acompanhamos aqueles que se sentem mais sozinhos. Estamos a falar de todo o tipo de apoio.
Nesta altura do Natal, quais são as principais necessidades?
Nesta altura do ano, todos gostariam de ter uma refeição idêntica à que tinham em Portugal. Uma ceia de Natal com os produtos portugueses.
O bacalhau, o azeite, a batata e o bolo rei…
Sim. Mas depois, durante o ano, as necessidades vão desde o arroz até às conservas.
Há também pedidos para os produtos de higiene…
Exactamente. Muitas vezes nós temos de os comprar, porque as pessoas não pensam em doar os produtos de higiene. Depois, há pedidos para o leite e fraldas para as crianças.
O nosso grande problema é que dentro de dois meses, três meses no máximo, vamos ter de comprar mais produtos e para o fazer necessitamos de mais verbas.
Como é feita esta redistribuição destes bens?
Temos listas das pessoas que ajudamos durante todo o ano e que já estão habituadas a receber um cabaz de Natal. Todavia, as pessoas que precisam de ajuda podem-nos contactar através da nossa linha telefónica que funciona 24 horas por dia e sete dias por semana.
Considera que as pessoas são mais solidárias nesta altura do ano? Ou a crise que se vive actualmente, também aqui em França, está a ter um impacto neste tipo de acções?
É evidente que tem impacto para qualquer um de nós. Sinceramente, este ano, tendo em conta a situação económica do país, pensei que íamos recolher menos bens, porém os retornos que tive é que - em vários sítios - as pessoas doaram ainda mais. Estou felicíssima porque isto quer dizer que nós continuamos a preocupar-nos com o próximo.
Quem quiser contribuir, onde é que se pode dirigir?
Pode ligar para o número de telefone da Santa Casa da Misericórdia de Paris e perguntar qual é o sítio mais próximo para fazer as doações. Também temos um local, 7 Av. de la Porte de Vanves, no 14º bairro de Paris, onde as pessoas se podem dirigir e deixar os produtos.
Quais são as dificuldades com as quais se depara a Santa Casa da Misericórdia, uma estrutura que depende muito da solidariedade?
É complicado e difícil ao mesmo tempo. Mas quem se lança nesta aventura não teme as complicações, nem as dificuldades. Tem que estar sempre em alerta, pronta para melhorar a situação.
A falta de financiamento poderá, de certa forma, penalizar alguma actividade?
A falta de verbas pode levar mesmo a que a Santa Casa da Misericórdia de Paris encerre as portas.
E há esse risco?
Há pouco falei-lhe do local que nós sub-alugamos no 14º bairro de Paris, em 7 Av. de la Prte de Vanves, um contrato que chega ao fim a 31 de Março de 2025. Neste momento, temos duas opções: ou encontramos outro local ou arranjamos uma solução. A nossa grande dificuldade é sempre a falta de verbas, mas estamos a tentar resolver esse problema. Seria dramático se a Santa Casa da Misericórdia de Paris, a única em França, fechasse portas por falta de verbas.
Quer deixar aqui um apelo?
Deixo um apelo para que as pessoas [nos continuem a apoiar]. Sinceramente, espero que possamos encontrar uma solução para que a Santa Casa da Misericórdia de Paris possa continuar a desenvolver o trabalho - que faz há 30 anos - e que tem sido positivo. Claro que é muitas vezes insuficiente por falta de meios, mas acredito que vamos encontrar uma solução, antes de 31 de Março.
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