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Petróleo na foz do Amazonas: o que está em jogo

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Você deve ter visto nas últimas semanas notícias sobre o petróleo na foz do Rio Amazonas. O IBAMA recentemente negou uma licença ambiental para perfuração do primeiro poço exploratório da Petrobrás na bacia, que fica no Amapá. Mas a decisão técnica acabou se tornado mais um estopim da crise política ao redor da agenda ambiental do governo Lula. O episódio de hoje é para tentar entender o que está em jogo nesse caso.

Primeiro, é preciso levar em consideração o contexto global. Para manter o compromisso com o Acordo de Paris e zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o mundo não poderia mais perfurar novos poços de petróleo já a partir de 2021. Pelo menos é o que diz a Agência Internacional de Energia. Mas não é isso que está acontecendo. Com a demanda por combustíveis fósseis em alta, só 20 das maiores empresas do setor devem investir conjuntamente, mais de 520 bilhões de dólares em reservas adicionais de petróleo até 2030. Entre elas estão Exxon Mobil, Shell e a brasileira Petrobras. O petróleo continuará a ser importante para a economia global mas a demanda deve cair nos próximos anos. A queda será mais ou menos dramática dependendo do cenário usado e cabe às petroleiras decidir, individualmente, em que ritmo elas investirão na transição energética.
Agora vamos entrar no caso do Brasil. Para a Petrobras, o país precisa manter sua segurança energética e soberania. Ou seja, não poderia correr o risco de voltar a importar petróleo. Além disso, o petróleo extraído pela empresa hoje, emitiria menos CO2 que a média global. Como resumiu recentemente João Paul Prates, presidente da empresa, a Petrobras quer ser "a última empresa de petróleo do mundo". Para tanto, a exploração da chamada margem equatorial, uma área que abrange o litoral de seis estados do Norte e Nordeste, é crucial. Isso porque a produção nos campos do pré-sal no sudeste começa a entrar em declínio. A exploração dessa fronteira começaria, exatamente, pela foz do Amazonas, no Amapá.
E aí que chegamos na decisão recente do IBAMA, que interrompeu os planos da petroleira. De um lado está a Petrobras, que alega ter cumprido todos os requisitos ambientais e de segurança exigidos até agora. De outro, está o IBAMA que apontou a falta de proteções robustas em caso de acidentes, além do possível impacto para comunidades tradicionais. O estágio atual é o seguinte: a Petrobras entrou com um pedido de reconsideração da decisão, o que significa que o IBAMA terá que se manifestar de novo.
Para entender os possíveis impactos ambientais da exploração de petróleo da região, eu conversei com uma voz independente, o oceanógrafo Nils Asp, pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará. A pedido da ONG WWF, Nils Asp analisou mais de 5 mil páginas de documentos emitidos desde 2013, quando os blocos de petróleo na foz do Amazonas foram leiloados.
Na visão dele, os estudos apresentados pela Petrobras ignoram alguns aspectos importantes da eventualidade de um acidente. No centro da questão está o Grande Sistema de Recifes da Amazônia, um ecossistema gigantesco, que pode se estender por mais de 50 mil quilômetros quadrados, ainda pouco conhecido, e cuja existência foi comprovada pelos cientistas recentemente. Nós também falamos sobre a margem equatorial como um todo, onde existem mais de 200 blocos com possibilidade de serem explorados.

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O EDF é publicado quinzenalmente às quintas. Para não perder nenhum episódio, siga esse podcast no seu tocador. Para entrar em contato, escreva para podcast@economiadofuturo.com.

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Primeiro, é preciso levar em consideração o contexto global. Para manter o compromisso com o Acordo de Paris e zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o mundo não poderia mais perfurar novos poços de petróleo já a partir de 2021. Pelo menos é o que diz a Agência Internacional de Energia. Mas não é isso que está acontecendo. Com a demanda por combustíveis fósseis em alta, só 20 das maiores empresas do setor devem investir conjuntamente, mais de 520 bilhões de dólares em reservas adicionais de petróleo até 2030. Entre elas estão Exxon Mobil, Shell e a brasileira Petrobras. O petróleo continuará a ser importante para a economia global mas a demanda deve cair nos próximos anos. A queda será mais ou menos dramática dependendo do cenário usado e cabe às petroleiras decidir, individualmente, em que ritmo elas investirão na transição energética.
Agora vamos entrar no caso do Brasil. Para a Petrobras, o país precisa manter sua segurança energética e soberania. Ou seja, não poderia correr o risco de voltar a importar petróleo. Além disso, o petróleo extraído pela empresa hoje, emitiria menos CO2 que a média global. Como resumiu recentemente João Paul Prates, presidente da empresa, a Petrobras quer ser "a última empresa de petróleo do mundo". Para tanto, a exploração da chamada margem equatorial, uma área que abrange o litoral de seis estados do Norte e Nordeste, é crucial. Isso porque a produção nos campos do pré-sal no sudeste começa a entrar em declínio. A exploração dessa fronteira começaria, exatamente, pela foz do Amazonas, no Amapá.
E aí que chegamos na decisão recente do IBAMA, que interrompeu os planos da petroleira. De um lado está a Petrobras, que alega ter cumprido todos os requisitos ambientais e de segurança exigidos até agora. De outro, está o IBAMA que apontou a falta de proteções robustas em caso de acidentes, além do possível impacto para comunidades tradicionais. O estágio atual é o seguinte: a Petrobras entrou com um pedido de reconsideração da decisão, o que significa que o IBAMA terá que se manifestar de novo.
Para entender os possíveis impactos ambientais da exploração de petróleo da região, eu conversei com uma voz independente, o oceanógrafo Nils Asp, pesquisador e professor da Universidade Federal do Pará. A pedido da ONG WWF, Nils Asp analisou mais de 5 mil páginas de documentos emitidos desde 2013, quando os blocos de petróleo na foz do Amazonas foram leiloados.
Na visão dele, os estudos apresentados pela Petrobras ignoram alguns aspectos importantes da eventualidade de um acidente. No centro da questão está o Grande Sistema de Recifes da Amazônia, um ecossistema gigantesco, que pode se estender por mais de 50 mil quilômetros quadrados, ainda pouco conhecido, e cuja existência foi comprovada pelos cientistas recentemente. Nós também falamos sobre a margem equatorial como um todo, onde existem mais de 200 blocos com possibilidade de serem explorados.

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